quarta-feira, 13 de julho de 2011

Tristeza Parasitária Bovina (TPB)

Tristeza Parasitária Bovina (TPB)


A Tristeza Parasitária Bovina (TPB) é uma doença infecciosa parasitária, tendo como agente etiológico dois parasitas: uma riquetsia do gênero Anaplasma (Anaplasmose) e um protozoário do gênero Babesia (Babesiose). O vetor mais comum destes parasitas é o carrapato Boophilus microplus. No entanto a transmissão pode também ser feita pela mosca hematófaga Stomoxys calcitrans, por tabanídeos e culicídios.
No Brasil, as espécies dos principais agentes etiológicos desta enfermidade são: Anaplasma marginale, Babesia bovis e Babesia bigemina. O impacto econômico desta doença está relacionado com a redução da produção de carne e leite, o custo do tratamento, gastos com medidas preventivas, quando há a introdução de animais de áreas livres em áreas endêmicas, por causar infertilidade temporária do rebanho bovino, mas principalmente devido à mortalidade dos animais.
Existem trabalhos que dizem que o Brasil é um país que se encontra em estabilidade enzoótica para esta doença, pois os bovinos se encontram naturalmente imunizados contra a Babesia. É mais comum sua presença em bezerros, pois estes ainda estão sendo expostos à infecção (primoinfecção), adquirindo imunidade a estes parasitas com o tempo. Deste modo, este infecção se mantém assintomática nos animais mais velhos, pois são constantemente reinfectados em conseqüência da manutenção da população de B. microplus no rebanho.
Para que seja evitado o surgimento de animais doentes em uma área quando há uma grande infestação de carrapato nos animais (conseqüentemente doses infectantes maiores), é recomendado que o rebanho receba de 10 a 20 larvas de carrapato/animal/dia, mantendo assim, a estabilidade enzoótica em um rebanho.
Existem fatores que tornam os animais mais susceptíveis as hemoparasitoses, como: animais Bos taurus, pois são mais sensíveis aos carrapatos, consequentemente, às hemoparositoses; bovinos jovens são mais resistentes do que os adultos, devido aos anticorpos colostrais, rápida resposta imunitária celular, maior produção de eritrócitos pela medula óssea e presença de hemoglobina fetal nos eritrócitos.
Os sinais clínicos apresentados pelos animais afetados pela TPB, começa com um quadro de intensa apatia e prostração; as mucosas oculares apresentam-se intensamente pálidas ou amareladas, indicando anemia ou icterícia, respectivamente; febre alta (acima de 40°C); pêlos arrepiados e ásperos; urina com cor de chocolate (hemoglobinúria). Nos casos de babesia causada pela B. bovis, os animais irão apresentar sinais neurológicos, especialmente relacionados à locomoção, como andar cambaleante, incoordenação, principalmente dos membros posteriores; tremores musculares; agressividade e quedas com movimentos de pedalagem, evoluindo para óbito dentro de 3 dias.
O diagnóstico pode se feito baseado no histórico dos animais (como infestação de carrapatos), através do exame clínico, em achados de necropsia (macro e microscópicos), e para um diagnóstico conclusivo, podem ser realizado exame de sangue, utilizando a técnica de esfregaço sanguíneo e observando este material em microscopia em busca do parasita.
O tratamento da TPB é feito com medicamentos que possuem ação direta sobre a Babesia spp., à base de diaminazina, e o Anaplasma spp. À base de oxitetraciclinas. Quando a infecção for mista, ou seja, Babesia spp. juntamente com Anaplasma spp., recomenda-se a administração do Imidocarb. É necessário o uso de suplementos, como tônicos fortificantes, minerais, vitaminas, aminoácidos e antitóxicos, auxiliando na recuperação do animal.
Medidas de controle e prevenção devem ser tomadas, como: dar atenção especial aos animais que estão sob risco de adquirir a doença, como os bezerros; atenção especial também aos animais provenientes de áreas livres desta doença, quando entram em áreas endêmicas. A principal medida que deve ser tomada no controle desta enfermidade é a adoção de medidas integradas, visando à redução da infecção nos animais e a infestação das pastagens e dos animais, através do controle de carrapatos nestes e também na propriedade. No entanto, devem ser mantidas durante o ano todo, baixas infestações destes artrópodes no rebanho para que haja a imunidade de presença. Esta medida é conhecida como controle estratégico.


Direto ao assunto


Saiba mais sobre a Tristeza Parasitária Bovina


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Méd. Vet. Gustavo Máximo Martins 

As enfermidades parasitárias são importantes causas de perdas econômicas. O complexo Tristeza Parasitária Bovina (TPB) ou Piroplasmose acarreta grandes prejuízos à pecuária nacional. Os principais agentes etiológicos são os protozoários Babesia bigemina, B. bovis e a rickettsia Anaplasma marginale, sendo o carrapato Boophilus microplus o principal vetor.
Considerando a mortalidade e as perdas indiretas, como queda na produção de leite, diminuição no ganho do peso e custos do controle e profilaxia foi estimado que o impacto econômico da TPB no Brasil poderia ultrapassar US$ 500 milhões anuais. Estas doenças, além de representarem sério entrave à introdução de animais de áreas livres com o propósito de melhorar a qualidade genética dos rebanhos nacionais, são ainda importantes causas de morbidade e mortalidade, especialmente de animais de raças européias. 
Os carrapatos causam danos aos seus hospedeiros tanto pela ação espoliadora e ingestão de sangue, lesões provocadas na pele, condicionando ao aparecimento de infecções secundárias e desvalorização do couro, quanto pela transmissão de agentes patogênicos, sendo também responsáveis por elevados gastos com produtos carrapaticidas, mão-de-obra e equipamentos para o controle. No Brasil, o carrapato Boophilus microplus é o mais importante transmissor da Babesiose e é também apontado como um dos vetores biológicos potenciais de Anaplasma marginale, que parasitam eritrócitos de ruminantes, além também de moscas hematófagas (vetores mecânicos), agulhas hipodérmicas, transfusões de sangue, e transplantes de embriões.
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Carrapato Boophilus microplus o principal vetor da Tristeza Bovina.
A babesiose e a anaplasmose podem ocorrer de forma isolada ou concomitante, constituindo o complexo Tristeza Parasitária Bovina (TPB). Na fase aguda, os possíveis sintomas são apatia, febre, anorexia, fraqueza, anemia e perda de peso, além de também relatados taquicardia, taquipnéia e atonia ruminal. Nos casos de babesiose por B. bovis os sinais clínicos são principalmente neurológicos e estão relacionados à locomoção, como andar cambaleante ou incoordenação principalmente dos membros pélvicos, tremores musculares, agressividade e quedas com movimentos de pedalagem. Os sinais e sintomas clínicos podem ser varáveis segundo a idade, resistência imunológica, estado nutricional e raça. Em estágios mais avançados podem ocorrer icterícia, geralmente associada a anaplasmose, e hemoglobinúria, na infecção por B. bigemina
O diagnostico laboratorial é indispensável para confirmar o diagnóstico clínico e identificar o agente responsável. O método mais prático e mais usado é o esfregaço sangüíneo, onde o sangue deve ser colhido na orelha ou na extremidade da cauda do animal (aconselha-se fazer no mínimo três laminas por animal). Dentre os testes sorológicos pode-se optar pela imunofluorescência direta (IFI) e o teste de conglutinação rápida (TCR).
Devido ao caráter agressivo da tristeza parasitária, muitas vezes não é possível aguardar o resultado laboratorial para iniciar o tratamento. Na realidade, o sucesso da terapia contra a piroplasmose depende do diagnóstico precoce e do pronto tratamento do animal afetado. O prognóstico dos quadros de tristeza parasitária está diretamente associado à fase de desenvolvimento da doença em que é realizado o tratamento. 
Geralmente, no tratamento convencional da Anaplasmose, os princípios ativos utilizados são as tetraciclinas, na dosagem de 8 a 11 mg/Kg de peso vivo, durante três dias.
Em relação à Babesia, normalmente utiliza-se para o tratamento produtos à base de diaminazine aceturato na dosagem de 3 a 8 mg/kg de peso vivo, via intramuscular, em dose única.
Gustavo Máximo Martins é médico veterinário, do Departamento Técnico da Vetecia Matsuda.



Fontes:
http://www.scielo.br/pdf/cr/v30n1/a30v30n1.pdf
http://www.vallee.com.br/doencas.php/7/62
http://www.intervet.com.br/Doencas/TPB/010_Introdu__o.aspx

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